Conteúdo inicialmente partilhado via newsletter. A Budiludi Journal é uma newsletter mensal que envio a todos os subscritores da lista de email da Budiludi e onde, além da partilha de reflexões, partilho também um fundo de ecrã exclusivo, ilustrado por mim. Para receberes também este tipo de conteúdo no início de cada mês, basta subscreveres AQUI.
Olá,
esta newsletter é das coisas em que mais gosto de trabalhar todos os meses, e já vamos na sexta edição! 😮
Gosto muito de criar a ilustração para o wallpaper e de escrever sobre o tema que escolhi para o mês. Na verdade, não sou eu que escolho o tema, mas é antes o tema que escolhe aparecer. Por exemplo, o tema deste mês surgiu apenas há alguns dias quando fui jantar com alguns amigos que já não via há imenso tempo.
Um deles perguntou-me se eu ia escrevendo a newsletter ao longo do mês. A resposta é não… normalmente escrevo a newsletter no dia antes de ser enviada ou, como hoje, no próprio dia. Assim, logo que acabar de escrever, já vais estar a receber tudo no email! Recebo sempre feedback muito bonito e partilhas sobre a vossa própria experiência com os temas que vamos abordando e essa é a melhor parte – saber que há mais pessoas que se identificam e que as minhas partilhas as convidam também a refletir. Obrigada por leres! 🥰
Como disse, o tema deste mês surgiu há uns dias num jantar com amigos. Uma das minhas amigas comentou que gosta muito de ler as coisas que vou escrevendo, quer na newsletter quer nos posts do Instagram, e que admira a minha coragem em fazer estas partilhas publicamente. Essa não foi a primeira vez que alguém me disse algo do género – há umas semanas, outra amiga dizia-me que, quando lê os meus posts, lhe pareço sempre muito à vontade e segura a partilhar os meus pensamentos. Mas será realmente assim? 😏
Quando a Budiludi começou a ganhar espaço no meu imaginário, muito antes de realmente nascer, o meu maior medo era precisamente partilhar o que realmente penso e sinto. Eu sabia que uma grande parte da missão da Budiludi (da minha missão!) era partilhar abertamente sobre a minha própria experiência, mas a ideia de que os meus amigos e a minha família fossem ler o que eu escrevia aterrorizava-me. O medo de ser julgada, o medo do que vão dizer, o medo de acharem que não estou a ser genuína, porque, afinal, há imensas partes de mim que eles nunca conheceram (esse é o preço que se paga quando passamos a vida a dizer que sim e a concordar para não chatear, para não causar atritos… para agradar sempre a todos).
Este foi um tema que trouxe para a terapia muitas vezes. Numa sessão, depois de eu divagar mais uma vez sobre a vontade de partilhar e o medo da reação dos outros, a minha psicóloga perguntou – “Qual é a alternativa?”. A minha resposta veio quase imediatamente – “Fazer à mesma”.
Como disse à minha amiga no outro dia, o medo continua todo cá! De cada vez que publico um texto onde faço reflexões mais pessoais, surgem várias vozes na minha mente a julgar-me. Tenho coisas escritas que (ainda) não publiquei precisamente por esse medo. Mas a minha resposta continua a ser “Fazer à mesma!”. Porque, para mim, já não há outra alternativa.
Resolvi trazer este tema porque sei que este é um dos maiores obstáculos para muitas pessoas que também sentem essa vontade de falar e de partilhar. O medo não vai desaparecer, mas o medo não pode ser o motivo para não nos cumprirmos. Por isso, faz à mesma!
E, sim, provavelmente vai haver quem julgue, mas não faz mal. Pensa antes na pessoa que vai olhar para a tua coragem como inspiração e não como ameaça. Pensa antes naquela pessoa que te vai ler ou ouvir e com quem a tua mensagem vai ressoar. Que, por tua causa, vai criar também ela coragem para avançar. Não vale tão mais a pena?